Kamen Rider Decade
Vim, vi... e não gostei.
Comentários sobre o que achei da última série Kamen Rider Decade.
Postado: na M.Cassab
Estado: Com o pé doendo de novo
Lendo: O Hobbit (JRR Tolkien)
Jogando: Mini Ninjas (Nintendo Wii)
Estado: Com o pé doendo de novo
Lendo: O Hobbit (JRR Tolkien)
Jogando: Mini Ninjas (Nintendo Wii)
Só para constar, comecei a escrever essa postagem no dia 17/08. Só agora é que consegui publicá-lo.
Um dia desses, postei lá no fórum ATB os vídeos do episódio 26 e 27 da série Kamen Rider Decade por causa da participação de Kamen Rider Black e Kamen Rider Black RX.
Estava acompanhando os lançamentos da série desde que divulgaram o início de sua produção.
Não que esteja interessado, pois não me interessa mesmo. Só que acesso muito sites e blogs sobre séries japonesas e brinquedos. É inevitável não ver algo.
Faz tempo que as novas séries da franquia de Kamen Rider não me agradavam e, pelo pouco que tinha visto, percebi que essa era "mais-do-mesmo".
Faço parte do grupo de pessoas que acham Kamen Rider Black e Kamen Rider Black RX foram as últimas séries bem feitas.
Quando soube que teria uma participação do Senhor Black (como Issamu Minami era chamado Shadow Moon), fiquei de olho para ver se o vídeo aparecia no You Tube.
Assistir os vídeos foi muito legal, pois o personagem foi interpretado por Tetsuo Kurata, o ator original da série Kamen Rider Black e Kamen Rider Black RX.
Enquanto assistia aos vídeos, percebi que o estilho da série seguia o mesmo padrão das ultimas: muito efeito para pouca história.
Quando terminei de assistir, parei para pensar sobre o assunto.
...
Che cazzo!
Ôooo mania besta de digitar "parei para pensar". Para quê escrever isso se não estava andando, estava sentado... sou uma anta mesmo.
...
Bem, trocando uma idéia com o "meu-eu-interior", resolvi deixar de ser preconceituoso e assistir a série, pois não fazia sentido ficar falando mal sem conhecer.
Claro que sabia que isso seria perda de tempo. Mas estava baixando os vídeos do Metalder e não ia terminar isso em menos de três semanas (baixar um-por-um é um saco).
Sendo assim, fucei no You Tube e achei o perfil do gIide com todos os episódios legendados em inglês.
Nas últimas três semanas, quando minha esposa estava vendo novela ou quando saia no final de semana, fiquei sentado no quartinho, tomando meu chá de hortelã e assistindo os episódio enquanto baixava os vídeos.
Logo de cara já posso adiantar que, sim, a série é bem babaca. Eu estava certo... odeio quando estou certo.
Vamos por partes. Primeiro, deixa falar um pouco sobre a série.
Para o texto não ficar muito longo, vou deixar oculto o enredo da série. Se quiser ler, cutuKaqui.
A série é uma produção da empresa japonesa Ishimori Productions e da gigante Toei Company, sendo exibida pela TV Asahi desde janeiro de 2009.
Uma garota chamada Natsumi Hikari está sonhando com o fim do mundo, quando é acordada por um tumulto no estúdio fotográfico de seu avô Eijirou Hikari.
Eram clientes furiosos reclamando que desejavam seu dinheiro de volta, pois as fotos tiradas pelo assistente Kadoya Tsukasa estava todas deformadas.
A garota levanta e vai socorrer o velho de aparência estranha, pedindo desculpas e dizendo que devolverá o dinheiro.
Ela sai à procura de Tsukasa para tirar satisfações, seguindo as tradicionais seqüências de cenas pastelonas tradicionais desses seriados.
Depois de muito bate-boca, coisas estranhas começam a acontecer, criaturas bizarras aparecem e varias exclusões ocorrem na cidade... tudo muito normal no Japão da TV.
Os dois correm para salvar suas vidas quando se separam por uma barreira, um recurso barato para dar suspense.
Sozinho, Tsukasa conhece Kurenai Wataru, personagem de Kamen Rider Kiva (interpretado pelo ator original Koji Seto), revelando que ele é o Kamen Rider Decade e precisa recuperar seus poderes para salvar o mundo.
Enquanto isso, a Natsumi tenta se livrar de monstros tarados e pervertidos que procuram diversão com japonesas magrelas com roupas estranhas e correndo apavoradas... o que também é normal no Japão da TV.
Ao esconder-se, ela acha uns trecos bem detonados e, por algum motivo muito estúpido, decide pegá-los, como se aquela velharia pudesse salvá-la.
Depois, Tsukasa aparece, pega as tralhas, que ficam novas com ele, se transforma em Kamen Rider Decade, sentando o cassete nos monstros.
Tanto a transformação quanto seus ataques são ativados por cartões, que são introduzidos no sinto para acioná-los.
Alias, essa história de usar cartões para ataques e poderes é algo bem antigo no Japão.
Além disso, ele possui cartões para se transformar nos personagens das últimas séries da era Heisei, produzidas após a morte do criador da franquia Shotaro Ishinomori em 1998.
Porém, conforme ele usa os cartões, seus poderes acabam, gastando todos e voltando ao normal.
O enredo se resume na busca de Tsukasa por seus poderes perdidos para salvar o mundo da destruição. Para isso, ele tem que viajar entre os mundos dos outros Riders, que estão se fundindo.
Na verdade, a Kamen Rider Decade é uma série produzida para comemorar os 10 anos da franquia na era Heisei, trazendo de voltas os personagens da Kamen Rider Kuuga até os mais atuais.
Tenho que reconhecer que as séries japonesas estão melhores produzidas. O material utilizado como cenografia e figurino tem um acabamento melhor.
Os efeitos especiais também deram uma evoluída. Aquela sensação de cromaqui forçado e recorte barato por computador estão bem menores. Tem alguns efeitos que ficaram bem sutis, o que é muito bom.
O perfil dos personagens está mais segmentado também. Não temos mais aquela história de dois personagens serem iguais só para fazer volume. A personalidade e a interpretação estão bem distintas.
Mas a parte boa termina ai.
Logo de cara, a coisa mais gritante é o visual dos personagens. Quem não conhece a cultura POP japonesa, vai achar que é um bando de emo... o que não está longe da verdade.
Só para deixar claro, Emocore é gênero de música que mistura métricas do Hardcore com Punk, em que se trabalha mais a melodia suave do som ao invés da fúria comum aos estilos citados.
Porém, o visual que conhecemos como clichê é um estilo chamado de Emo Fruits, que tem como modelo a moda japonesa J-Pops, com roupas, cabelos e maquiagem com cores fortes e cheias de contraste.
Por isso não está errado supor que os personagens de Kamen Rider Decade são um bando de Emos, pois o visual deles é inspirado na atual moda de lá.
O que é completamente normal, pois passaram anos convivendo com mangas e desenhos em que os personagens tinham cabelos com formatos descomunais e cores estranhas.
Graças à cultura Cosplay, era uma questão de tempo até se tocarem que dava para ganhar dinheiro criando uma moda que copiavam esse visual, resultando na moda J-Pops e Gyaru (ou sua vertente masculina Gyaru-oh).
Alias, por falar em Emo, também reparei que os personagens são um bando de mal educados. Exatamente como um bando de "imbecis mirins acéfalos" que estão aparecendo ultimamente.
Já reparei que isso é uma tendência, pois vários outros seriados japoneses estão apresentando personagens com o mesmo perfil, como a série Samurai Sentai Shinkenger, que, alias, faz uma participação lá pelo episódio 20-e-alguma-coisa.
Na verdade, os aspectos negativos dessa série são um reflexo de como essas produções são idealizadas.
Cada vez mais, as empresas estão mais interessadas em ganhar dinheiro fácil do que fazer um trabalho de qualidade. Isso é um fato global gerado pelo capitalismo.
Ultimamente, as produções estão mais preocupadas em oferecer distração barata, utilizando efeitos exuberantes, do que um material com uma história inteligente.
Cito como exemplo Transformers: A Vingança dos Derrotados (esse aqui é ruim até no nome) e Harry Potter e o Enigma do Principe. São dois filmes de merda que tem mais efeito especial do que história.
Estamos vivendo os sintomas da cultura de micreiros (raça maldita), em que as pessoas fazem qualquer cursinho de informática e já sai se achando "O profissional".
Sempre digo para meus alunos que é preciso conhecer a base para fazer algo de qualidade. Qualquer idiota consegue mexer no computador, isso não dá mérito a ninguém. Mas os princípios da técnica, isso sim não é para qualquer um.
A série Kamen Rider Decade sofre do mesmo problema, o enredo não possui conflito, o personagem não constrói seu caráter durante a história.
O que temos são problemas pontuais que são resolvidos em cada episódio. E só.
As antigas séries tinham uma produção tecnicamente inferior, pois não havia tantos recursos na época, mas as histórias eram muito bem elaboradas e os personagens se desenvolviam ao longo dos episódios.
Quem assistiu Kamen Rider Black deve se lembrar do dilema dele ao enfrentar seu irmão, o Shadow Moon; ou em Lion Man, quando ele perdeu uma batalha e desistiu de lutar; ou em Metalder, mostrando como Topgunder deixou de ser seu inimigo para ser um valioso aliado.
Alias, o ator Tetsuo Kurata (que interpretou Kamen Rider Black fez um comentário muito bom sobre os Riders de agora serem muito “doces”.
Pelo que pude perceber, a série Kamen Rider Decade ou se ama ou se odeia, não há meio termo entre o público.
O mais estranho de tudo é que a série terminou mês passado (agosto) sem final. O verdadeiro final da série será exibido em um filme que estreará nos cinemas japoneses em Dezembro. A idéia é até legal, mas é estranho um espaço de tempo tão longo.
Estão dizendo que nesse filme terá alguma coisa relacionada com a nova série Kamen Rider W (leia Kamen Rider Double).
Eu poderia fornecer vários links com sites que explicam a série, mas por incrível que pareça, o melhor site para entender algo é na Desciclopédia. Além de hilário, o artigo descreve com muita precisão o que acontece e fornece todos os nomes e séries relacionadas.
Você também pode acessar o site oficial da TV Asahi ou o site oficial da Toei, ambos em japonês. Porém, os japoneses são famosos por não produzirem os sites mais didáticos do mundo.
Se quiser, você pode acessar o site brasileiro DikeIdo (que é a pronuncia japonesa de Decade). Na minha opinião, um dos melhores sites sobre a série Kamen Rider no Brasil.
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